INTRODUÇÃO A indústria de software no mundo é um mercado de grande volume financeiro. Considerando apenas os 10 maiores mercados de software do mundo, essa indústria movimenta quase 800 bilhões de reais por ano. No entanto, diversos estudos demonstram que boa parte desses recursos são de alguma forma desperdiçados ou subutilizados. Por exemplo, perdas são associadas a atrasos superiores a 50% de não atendimento, a 25% de projetos que são interrompidos, módulos de um mesmo sistema que não funcionam integrados entre si, funcionalidades inadequadas que não atendem às expectativas, e grande volume de retrabalho em projetos de software . Existe portanto, uma necessidade de melhoria na qualidade e competitividade dos produtos e serviços prestados pelas empresas de software. Uma das estratégias para atingir esses objetivos é através da Gestão e Melhoria dos Processos de Software (SPI - _Software Process Improvement_) . As organizações investem na melhoria de seus processos de software com a expectativa de que isso resultará na melhoria da qualidade do software que esses processos produzem . E, de fato, diversos estudos demonstram que a melhoria dos modelos e padrões de processos de desenvolvimento de software (PDS) podem melhorar a qualidade do software e a produtividade da organização . Um programa SPI tem como base uma disciplina conhecida como Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM). Normalmente a implantação eficaz da Gestão de Processo exige: (a) a formalização dos Processos de Software em uma Linguagem de Modelagem de Processos de Software (LMPS) e (b) a gestão dos Processos apoiada por um Sistema para Gestão de Processos (BPMS) . No entanto, existe uma dificuldade por parte das organizações em implantar e manter a gestão de seus processos . Parte dessa dificuldade está relacionada à complexidade dos Processos de Software. Uma consequência negativa das iniciativas de melhoria de processo é que eles tendem a aumentar a complexidade dos Processos de Software. Ou seja, os PDSs costumam tornar-se cada vez mais complexos: maior números de atividades, maior quantidade de ligações entre as atividades, maior número de tomadas de decisões, interações mais complexas entre sistemas e pessoas, etc . Nesse contexto, técnicas de Reutilização de Processos - como Adaptação e Composição de Processos - podem ser utilizadas para minimizar os problemas relacionados a manter processos complexos . Apesar disso, a Reutilização de Processos ainda é bastante difícil de ser implantada na indústria de software . Os autores apresentam um estudo detalhado de como a indústria e a acadêmia estão tratando a Reutilização de Processos de Software. Sob o ponto de vista acadêmico, apesar de o tema de Reutilização ser bastante discutido, existem poucas contribuições sobre Reutilização de Processos de Software quando comparado ao volume de produções acadêmicas sobre Reutilização de Software. Já sob a perspectiva da indústria, a principal reclamação está relacionada a falta de recursos das ferramentas e notações para executar operações necessárias para a Reutilização de Processos. As operações relacionadas à Reutilização de Processos que estão sendo consideradas são: Adaptação de Processos, Composição de Processos e Instanciação de Processos. Esse texto tem como objetivo trazer uma discussão inicial sobre alguns aspectos relacionados à operação de COMPOSIÇÃO DE PROCESSOS DE SOFTWARE. Serão apresentados os principais desafios relacionados a essa operação e algumas considerações sobre o tema serão discutidas. Além disso, serão apresentadas algumas propostas da literatura atual para Composição de Processos de Software e analisar como elas se comportam diante dos desafios identificados.